Educação.Medida vale para salas do 1° ao 9° ano com poucas matrículas; pais e educadores são contra
Governo argumenta que ação otimiza ensino; Sind-UTE vai recorrer ao MPE
Publicado no Jornal OTEMPO em 03/04/2012
RAPHAEL RAMOS
Os alunos de escolas estaduais mineiras começam a testar uma novidade que gera controvérsia entre pais, autoridades e especialistas: as turmas unificadas. Por meio de um ofício, publicado em janeiro, a Secretaria de Estado de Educação (SEE-MG) ‘orientou’ as escolas a adotarem a estratégia no caso de turmas com poucos alunos matriculados. Na prática, estudantes de séries diferentes dividem a atenção de apenas um professor.
A medida vale para as turmas de 1º ao 9º ano do ensino fundamental. A subsecretária estadual de Desenvolvimento da Educação Básica, Raquel Elizabete Santos, afirma que a mudança é uma tentativa de melhorar o aprendizado. "Já se sabe que estudantes apresentam melhor rendimento quando os trabalhos são realizados em parcerias ou grupos. Por isso, a unificação de turmas é uma maneira de trabalhar melhor os alunos", afirmou. A subsecretária garante ainda que antes de unificar as turmas, as escolas deverão levar em conta o estágio de aprendizagem dos alunos.
Já a presidente do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Estado de Minas Gerais (Sind-UTE), Beatriz Cerqueira, afirma que a medida vai dificultar a aprendizagem dos alunos e que é apenas uma maneira de o governo reduzir custos. Beatriz promete acionar o Ministério Público Estadual (MPE) para tentar proibir a novidade.
"Imagina seu filho de 6 anos na mesma sala de um de 9 anos. O conteúdo curricular é muito diferente, isso causa uma dificuldade de aprendizagem. E os professores não foram treinados". A mesma metodologia foi implementada no Estado do Mato Grosso, onde as entidades de classe também recorreram ao MPE.
Especialistas. Para a psicóloga e professora do Centro Universitário UNA Lecy Moreira, da maneira como ele foi implementado, o modelo dificilmente terá bons resultados. Ela afirma que estudantes, principalmente aqueles em processo de alfabetização, precisam de atenção constante dos educadores, o que ficaria mais difícil com a mistura da conteúdos.
A diretora do Centro Pedagógico da UFMG, Tânia Costa, tem a mesma opinião. De acordo com ela, as novas turmas teriam que ser formadas após serem traçados os perfis dos estudantes. "Os alunos precisariam ter níveis de aprendizado próximos. Isso pode ser feito com o objetivo de desenvolver aptidões dos jovens ou então fazer com que um aluno em um nível mais baixo consiga evoluir em contato com outra turma mais à frente", explicou.
O Estado ainda não tem o número de escolas que aderiram ao projeto.
A medida vale para as turmas de 1º ao 9º ano do ensino fundamental. A subsecretária estadual de Desenvolvimento da Educação Básica, Raquel Elizabete Santos, afirma que a mudança é uma tentativa de melhorar o aprendizado. "Já se sabe que estudantes apresentam melhor rendimento quando os trabalhos são realizados em parcerias ou grupos. Por isso, a unificação de turmas é uma maneira de trabalhar melhor os alunos", afirmou. A subsecretária garante ainda que antes de unificar as turmas, as escolas deverão levar em conta o estágio de aprendizagem dos alunos.
Já a presidente do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Estado de Minas Gerais (Sind-UTE), Beatriz Cerqueira, afirma que a medida vai dificultar a aprendizagem dos alunos e que é apenas uma maneira de o governo reduzir custos. Beatriz promete acionar o Ministério Público Estadual (MPE) para tentar proibir a novidade.
"Imagina seu filho de 6 anos na mesma sala de um de 9 anos. O conteúdo curricular é muito diferente, isso causa uma dificuldade de aprendizagem. E os professores não foram treinados". A mesma metodologia foi implementada no Estado do Mato Grosso, onde as entidades de classe também recorreram ao MPE.
Especialistas. Para a psicóloga e professora do Centro Universitário UNA Lecy Moreira, da maneira como ele foi implementado, o modelo dificilmente terá bons resultados. Ela afirma que estudantes, principalmente aqueles em processo de alfabetização, precisam de atenção constante dos educadores, o que ficaria mais difícil com a mistura da conteúdos.
A diretora do Centro Pedagógico da UFMG, Tânia Costa, tem a mesma opinião. De acordo com ela, as novas turmas teriam que ser formadas após serem traçados os perfis dos estudantes. "Os alunos precisariam ter níveis de aprendizado próximos. Isso pode ser feito com o objetivo de desenvolver aptidões dos jovens ou então fazer com que um aluno em um nível mais baixo consiga evoluir em contato com outra turma mais à frente", explicou.
O Estado ainda não tem o número de escolas que aderiram ao projeto.
Legislação
Autonomia. O Ministério da Educação informou que não se manifestaria sobre a orientação da SEE/MG. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, "os Estados têm autonomia para definir sua organização de ensino".
FUSÃO
Aulas começam e pais reclamam
Na Escola Estadual Professora Adelina da Conceição Silva, em Bela Vista de Minas, na região Central, a criação de uma turma unificada tem sido motivo de reclamação de pais de alunos. Eles entendem que os filhos serão prejudicados ao assistirem aula com estudantes de uma série mais avançada.
Desde ontem, 11 alunos de 6 anos, do 1º ano do ensino fundamental, juntaram-se a uma turma do 2º ano, com 23 estudantes de 7 anos, e formaram uma sala com 34 crianças. O filho da doméstica Tatiana Cristina Alves, 24, que entrou na escola neste ano, é um dos alunos.
O menino, com 6 anos, terá a companhia de colegas mais velhos na mesma sala de aula. A situação incomoda a mãe dele. "Meu filho está aprendendo a ler e a escrever. Eu acho que ele vai ter mais dificuldade porque vai ter que conviver com muitas informações diferentes. Vai confundir a cabeça dele", disse Tatiana.
Para a doméstica, como toda criança que está em processo de alfabetização, seu filho precisa de uma atenção mais próxima com a professora. "Com tantos alunos, ela não vai conseguir ajudar a todos", reclamou.
A diretora da escola Professora Adelina, Conceição Aparecida Silva, disse que a unificação das turmas foi necessária pelo baixo número de inscrição no 1º ano (11 alunos). Apesar de reconhecer que não houve um trabalho nem de adaptação do conteúdo nem da rotina dos professores, ela afirma que não haverá prejuízos aos estudantes. "Somos da rede estadual e temos que seguir a legislação. Estamos nos planejando para atender os alunos da melhor maneira", disse Conceição. (RR)
Desde ontem, 11 alunos de 6 anos, do 1º ano do ensino fundamental, juntaram-se a uma turma do 2º ano, com 23 estudantes de 7 anos, e formaram uma sala com 34 crianças. O filho da doméstica Tatiana Cristina Alves, 24, que entrou na escola neste ano, é um dos alunos.
O menino, com 6 anos, terá a companhia de colegas mais velhos na mesma sala de aula. A situação incomoda a mãe dele. "Meu filho está aprendendo a ler e a escrever. Eu acho que ele vai ter mais dificuldade porque vai ter que conviver com muitas informações diferentes. Vai confundir a cabeça dele", disse Tatiana.
Para a doméstica, como toda criança que está em processo de alfabetização, seu filho precisa de uma atenção mais próxima com a professora. "Com tantos alunos, ela não vai conseguir ajudar a todos", reclamou.
A diretora da escola Professora Adelina, Conceição Aparecida Silva, disse que a unificação das turmas foi necessária pelo baixo número de inscrição no 1º ano (11 alunos). Apesar de reconhecer que não houve um trabalho nem de adaptação do conteúdo nem da rotina dos professores, ela afirma que não haverá prejuízos aos estudantes. "Somos da rede estadual e temos que seguir a legislação. Estamos nos planejando para atender os alunos da melhor maneira", disse Conceição. (RR)
MINIENTREVISTA
"O professor não precisa de uma capacitação"
Raquel Santos
Subsecretária de desenvolvimento da educação básica
Os professores serão capacitados para ministrar as aulas?
Não há necessidade de uma capacitação. Em sua formação, os professores já são habilitados a trabalhar com grupos diferentes. Mas já estamos distribuindo cartilhas com orientações e também realizando oficinas.
Haverá redução da carga horária?
Não há diminuição da carga horária. Nos ciclos iniciais, os alunos terão as quatro horas e dez minutos como previsto em lei. No caso das turmas do ciclo final, os professores vão lecionar todo conteúdo das matérias normalmente.
O que será feito com o excedente de professores?
Eles serão remanejados para outras escolas e também para atuar em tempo integral.(RR)
Não há necessidade de uma capacitação. Em sua formação, os professores já são habilitados a trabalhar com grupos diferentes. Mas já estamos distribuindo cartilhas com orientações e também realizando oficinas.
Haverá redução da carga horária?
Não há diminuição da carga horária. Nos ciclos iniciais, os alunos terão as quatro horas e dez minutos como previsto em lei. No caso das turmas do ciclo final, os professores vão lecionar todo conteúdo das matérias normalmente.
O que será feito com o excedente de professores?
Eles serão remanejados para outras escolas e também para atuar em tempo integral.(RR)
Nenhum comentário:
Postar um comentário