quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

No capitalismo é assim: a tecnologia avança, quem tem dinheiro pode ter acesso a objetos fantásticos, mas o custo é a extrema exploração dos trabalhadores. A exploração a que são submetidos esses trabalhadores chineses é o sonho dos patrões do mundo todo.

 

Fábrica que faz iPhone tem cama sem colchão e insultos

Funciona à base de um 'gerenciamento militar' nas fábricas
O programa francês "Envoyé Especial" (Enviado Especial, em tradução livre), veiculado pelo canal France 2, mostra que pouco mudou nas fábricas da Foxconn após a montadora de eletrônicos chinesa, responsável pela fabricação de gadgets da Apple, se comprometer a melhorar as condições de trabalho de seus funcionários.
Veiculada na última quinta (13), a reportagem é chamada de "e-Germinal: no inferno das usinas chinesas", em uma referência ao romance Germinal de Émile Zola, que retrata o sofrimento dos mineiros de carvão na França no século 19. O vídeo mostra imagens feitas por duas pessoas infiltradas em fábricas na China da Foxconn -- a companhia se recusou a permitir a entrada dos jornalistas.
Segundo a reportagem, o sistema de produção da Foxconn, que emprega 1,4 milhão de pessoas na China, funciona à base de um "gerenciamento militar" nas fábricas, "onde os insultos são cotidianos e os dormitórios insalubres".
Não há imagens da linha de produção porque os funcionários são obrigados a deixar todos objetos "metálicos", incluindo celulares, em armários antes de começar a trabalhar. Eles não podem usar relógios e não há relógios nas paredes da fábrica. "O tempo não passa. É desesperador", conta a mulher que trabalhou infiltrada.
"Nós tínhamos de trabalhar durante a madrugada, durante oito horas. O turno terminaria às 5h da manhã, mas daí eles decidiram acrescentar mais duas horas de trabalho. Nós tivemos apenas uma pausa, mais ou menos às 23h. E o trabalho é sempre repetir o mesmo gesto", conta o outro infiltrado.
Dormitórios insalubres
Depois do trabalho, todos retornam ao dormitório, diz ele, "mas não conversam uns com os outros". São oito pessoas por quarto, equipados com beliches sem colchões. Há uma sala de TV – um pequeno aparelho pendurado na parede – com fileiras de bancos de madeira. Alguns dos dormitórios ainda estão sendo construídos, mas já estão ocupados por trabalhadores da Foxconn, mesmo sem haver eletricidade ou elevadores.
O salário, de cerca de 220 euros (cerca de R$ 605), é bem maior do que esses trabalhadores conseguiriam trabalhando em suas províncias de origem. "Mas não chegamos a receber isso. Descontam 14 euros do dormitório, 50 da refeição e mais dinheiro do seguro", diz a mulher infiltrada.
A reportagem conclui que as más condições de trabalho tem como origem o atendimento à demanda de produção do iPhone 5. O smartphone é tido como mais difícil de ser produzido quando comparado aos seus antecessores – tão difícil que a Foxconn tem de contratar novos funcionários "incansavelmente" para substituir os trabalhadores que deixam, "frustados", a linha de montagem.
A Foxconn não quis comentar as imagens feitas pelo canal de TV francês. A Apple informou ao programa que "as empresas subcontratadas são obrigadas a fornecer condições de trabalho seguras, dignidade e respeito aos funcionários".

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