ETA POVO QUE NÃO PARA DE LUTAR!
POR QUE OCUPAMOS O INSTITUTO LULA
By Cumpas on 23 de janeiro de 2013
Chegamos a uma situação limite.
Somos
68 famílias que, depois de anos e anos de luta, fomos assentadas num
terreno de 104 hectares localizado entre os municípios de Americana e
Cosmópolis. Este terreno pertenceu à família Abdalla, ricos empresários
que perderam o a área durante a ditadura militar por dívidas
trabalhistas.
Em
2006, o presidente Lula e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária (INCRA) nos instalaram no Sítio Boa Vista. Desde então, para a
consolidação deste assentamento, depositamos tudo o que tínhamos: nosso
trabalho e nossa vida na produção de alimentos saudáveis, sem o uso de
agrotóxicos. Passamos por inúmeras dificuldades para produzir. Mesmo
assim, passo a passo, conseguimos estabelecer parcerias com mais de 40
entidades e escolas através do Programa Doação Simultânea. E, hoje,
temos orgulho de dizer que somos uma comunidade que fornece mais de 300
toneladas de alimentos para a região metropolitana de Campinas.
Após
consolidarmos nossas vidas nesta terra com o suor de anos de trabalho e
dedicação, recebemos em maio de 2012 a notícia de que a família
Abdalla, aliando-se à Usina Ester, havia recuperado as terras na justiça
e ganho o seu direito de posse. A justiça federal, então, emitiu um
aviso ao INCRA de que deveríamos ser retirados em prazo determinado,
caso contrário, haveria a reintegração de posse do terreno.
O
INCRA moveu vários recursos em vão. Realizamos audiências com os
representantes do órgão, que afirmavam que não sairíamos do assentamento
e que, se fosse preciso, seria assinado o decreto de desapropriação por
interesse social. Fizemos reunião com representantes do governo
federal; e estes também garantiram que o problema seria resolvido, sem
que precisássemos deixar nossas casas. No entanto, o tempo passou e nada
mudou. Ao contrário, para a nossa aflição, aproxima-se a data em que
assistiremos à destruição do esforço de toda uma vida: nossas casas,
nossas plantações, nossos sonhos.
Sabemos
que todas as possibilidades jurídicas já foram esgotadas e que o
destino de nossas famílias depende, isto sim, da vontade política de
quem pode decidir. Também sabemos que não nos resta outra alternativa
senão um grito de apelo.
Lembramos
que há exatamente um ano, em um quadro bastante semelhante, 1600
famílias foram brutalmente despejadas da área do Pinheirinho. Um
representante político como Lula, que agora tem a honra de batizar uma
instituição que zela pelo “exercício pleno da democracia e a inclusão
social”, não pode permitir que uma situação dessas se repita.
Lula
foi o Presidente da República que, em 2006, assinou a concessão do
terreno do Assentamento Milton Santos para fins de reforma agrária. Todo
processo ocorreu com o seu conhecimento e do órgão do governo federal
responsável pelo assunto, o Incra.
Confiamos
que o peso de sua figura política seja capaz de interceder em favor de
nós, assentados, e estabelecer um diálogo mais direto com a presidente
Dilma Rousseff, para que esta se disponha a nos receber pessoalmente em
uma audiência e assine o decreto de desapropriação por interesse social.
Assentadas e assentados do Milton Santos
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