Ato público marca 1 ano da desocupação do Pinheirinho
Cerca de 500 pessoas,
entre ex-moradores, ativistas, artistas e parlamentares, voltam ao local
onde, há 1 ano, foi palco de uma barbárie que teve repercussão
internacional
Nesta terça-feira, 22, cerca de 500
pessoas, entre elas muitos ex-moradores do Pinheirinho, fizeram um ato
para lembrar a desocupação que aconteceu há exatamente um ano. O evento
aconteceu em frente ao terreno, no Centro Poliesportivo, local para onde
foram levadas as famílias naquele dia 22 de janeiro.
Além dos moradores, diversos ativistas
solidários estiveram presentes. Muitos deles acompanharam a luta desde
antes da desocupação. A rapper Lurdez da Luz também foi ao ato e cantou a
música Levante, que escreveu inspirada na luta do Pinheirinho: “O que
eu quero é ver/O povo com poder/Pra lutar pra vencer/A violência
covarde”. No dia em que ocorreu o despejo estava programado um show de
solidariedade na ocupação em que Lurdez da Luz cantaria.
Antônio Donizete Ferreira, o Toninho,
abriu o ato: “Sofremos tudo aquilo, mas nós não perdemos a dignidade,
não perdemos a capacidade de lutar”. Ele lembrou que o terreno ficou
abandonado depois da ação policial. “Onde tinha esperança, onde tinha
alegria, onde tinha vida, hoje não tem mais vida”, disse.
Toninho anunciou que está sendo
negociada a compra de dois terrenos para a construção de moradias. “Não
fizemos oito anos de ocupação para ter aluguel social, fizemos oito anos
de ocupação para ter moradia decente”, afirmou.
O deputado estadual Adriano Diogo
(PT-SP), presidente da Comissão da Verdade do estado de São Paulo,
defendeu que o terreno voltasse para o povo de São José dos Campos. “A
história da luta do Pinheirinho não pode terminar com a vitória de Naji
Nahas”, Falou. Ele cumprimentou “os companheiros do PSTU que tão
barbaramente foram criminalizados, parece que foi uma vingança política
porque a liderança estava com estes companheiros”.
Valdir Martins, o Marrom, liderança da
ocupação, encerrou o ato, agradecendo a todas as entidades e ativistas
que compareceram. “Nós sabíamos que seria difícil, não é fácil enfrentar
os latifundiários, não é fácil enfrentar o capital”, concluiu.
Solidariedade nacional e internacional
O vereador pelo PSTU, Cleber Rabelo,
veio de Belém (PA) para prestar solidariedade aos moradores do
Pinheirinho. Cleber contou que, quando houve a desocupação, distribuiu
panfletos nos canteiros de obra de Belém denunciando a violência.
Segundo ele, a solidariedade foi imediata e houve quem quisesse ir a São
José dos Campos para ajudar. “O dia 22 de janeiro está gravado nas
mentes de milhares de trabalhadores do país todo, que ficaram revoltados
e indignados com o que aconteceu”, falou.
A ativista síria Sara Al Suri também
marcou presença no ato. Ela relatou a experiência de seu país, onde mais
de 60 mil pessoas já foram mortos pelo regime ditatorial de Bashir Al
Assad. “Se há uma população que todos os dias sente a trágica perda de
suas casas, terras e vida, esta população é o povo sírio em revolta. De
Damasco ao Pinheirinho, temos a mesma luta, a mesma violência do
capitalismo, que é internacional. Da mesma forma, a força, a
persistência e as lutas dos trabalhadores também tem que ser
internacional”, discursou.
Estiveram presentes, ainda,
parlamentares. Entre eles, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP). O PSTU, o
PSOL, a CSP-Conlutas, a ANEL, a Unidos para Lutar e dezenas de entidades
também prestaram sua solidariedade.
Por Luciana Candido, da Redação do Jornal Opinião Socialista
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