Sindicalistas dos dois países tratam de vários temas: Apartheid na África do Sul, nova classe média no Brasil etc. para exaltar "feitos positivos" de seus respectivos governos, mas nem tocam no recente massacre de quase 40 mineiros sul africanos que lutavam contra a exploração e a miséria a que são submetidos por empresas estrangeiras e na recente greve federal que os servidores brasileiros fizeram expondo as mazelas do serviço público no Brasil e na dureza com que foram tratados pela presidenta Dilma, inclusive com substituição de grevistas.
Os trabalhadores devem repudiar esse tipo de sindicalismo completamente atrelado aos governos e patrões e construir novas organizações que defendam, de fato, os interesses da classe trabalhadora.
CUT participa do Congresso da COSATU, maior central sindical da África do Sul
Escrito por: Paula Brandão, CUT Nacional
Fortalecer a COSATU para emanciapação total |
“Fortalecer a COSATU para emanciapação total” foi o tema do 11º Congresso Nacional da maior central sindical da África do Sul - Congress of South African Trade Unions(COSATU), realizado de 17 a 20 de setembro em Joanesburgo.
O Congresso destacou em seu debate de conjuntura as transformações sociais ocorridas no Brasil a partir do Governo Lula, apresentando a experiência brasileira como um modelo positivo a ser seguido pela África do Sul e por outros países do mundo.
João Felício, secretário de Relações Internacionais da CUT concorda e destaca que "a experiência brasileira se deve em grande parte aos movimentos sociais, que tiveram participação ativa na construção de todo o processo que resultou em um governo democrático-popular, não apenas no Brasil, mas em vários países da América Latina".
Segundo João Felício, a CUT sempre participa dos congressos da COSATU, e vice-versa, por haver uma identidade política histórica muito grande entre as duas centrais.
O secretário-geral da COSATU, Zwelinzima Vavi, disse que apesar de o governo sul-africano ser um avanço pós Apartheid, ainda é preciso progredir muito em políticas públicas voltadas para a geração de empregos, distribuição de renda, reforma agrária e em outras questões fundamentais para o desenvolvimento, incluindo mudanças profundas nas políticas industriais e de comércio, temas que a COSATU tem insistido em suas reivindicações. Segundo o secretário, o movimento sindical sul-africano é parte importante nesse processo, rumo ao desenvolvimento que a África do Sul precisa.
Foram muitas as menções positivas sobre o Brasil, com citações no texto-base do Congresso e em várias falas, referindo-se às transformações conquistadas em nosso país como lições políticas a serem seguidas.
“O movimento sindical tem papel fundamental no processo de desenvolvimento de um país, porque tem propostas”, afirmou João Felício. “Em 2008, no auge da crise econômica mundial, o governo brasileiro adotou uma série de medidas de enfrentamento à crise para que a economia continuasse a crescer. A CUT exigiu do governo que as medidas adotadas deveriam ter como prioridade a manutenção dos empregos e dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. Deixamos claro que os trabalhadores não pagariam pela crise”, relatou João Felício. “O resultado é que o Brasil conseguiu enfrentar a crise sem graves consequências, se compararmos com o que ainda vem ocorrendo em outros países. Para nós esse o papel do Estado, o de indutor do desenvolvimento”, disse.
O prof. Somadoda Fikeni, recorreu a uma metáfora para falar sobre a atual situação da África do Sul: ”Os negros ficaram com a coroa e os brancos ficaram com as joias”, dizendo que os negros ficaram com o país, mas foram os brancos quem ficaram com a economia, ou seja, com o poder. Explicou que cerca de 40% da economia na África do Sul é controlada por 20 famílias brancas. Segundo o professor, o grande desafio da COSATU é fazer com que a maioria negra tenha influência no poder econômico.
O movimento sindical tem papel fundamental
no desenvolvimento de um país, porque tem propostas
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Para João Felício, “a África do Sul precisa avançar para a construção de uma classe média composta por trabalhadores e trabalhadoras, a exemplo do que vem ocorrendo no Brasil. O presidente da COSATU, Sidumo Dlamini, em uma de suas falas, foi muito feliz ao dizer ‘nunca lutei para ser pobre’. E é isso, ninguém luta para ser pobre. Lutamos por condições dignas de vida, por justiça social; por trabalho decente, por empregos de qualidade e salários dignos; por distribuição de renda, por igualdade de tratamento a todos os trabalhadores e trabalhadores”.
Sobre a COSATU*
A COSATU- Congress of South African Trade Unions- é a maior central sindical da África do Sul e, assim como a CUT, também é filiada à CSI – Confederação Sindical Internacional.
Foi fundada em 1985, se opondo ao Apartheid, lutando contra o racismo, contra o sexismo e na defesa da democracia. Tem cerca de 1,8 milhões de trabalhadores associados.
Sobre o APARTHEID**
O Apartheid foi um regime de segregação racial que perdurou na África do Sul de 1948 a 1994, por sucessivos governos do Partido Nacional , onde os direitos da maioria dos habitantes foram cerceados pelo governo formado pela minoria branca.
A segregação racial na África do Sul teve início ainda no período colonial, mas o apartheid foi introduzido como política oficial após as eleições gerais de 1948. A nova legislação dividia os habitantes em grupos raciais ("negros", "brancos", "de cor", e "indianos"), segregando as áreas residenciais, muitas vezes através de remoções forçadas. A partir de finais da década de 1970, os negros foram privados de sua cidadania, isolados em pseudoestados de base criados pelo regime – os chamados bantustões - áreas fora dos bairros e de terras onde habitavam os brancos, mas suficientemente perto delas, onde serviam de mão de obra barata.Nessa altura, o governo já havia segregado a saúde, a educação e outros serviços públicos, fornecendo aos negros serviços inferiores aos dos brancos.
O Apartheid trouxe violência e um significativo movimento de resistência interna, bem como um longo embargo comercial contra a África do Sul. Uma série de revoltas populares e protestos causaram o banimento da oposição e a detenção de líderes anti-apartheid. Conforme as revoltas se espalhavam e tornavam-se mais violentas, as organizações estatais respondiam com o aumento da repressão e da violência.
Reformas no regime durante a década de 1980 não conseguiram conter a crescente oposição, e em 1990, o presidente Frederik Willem de Klerk iniciou negociações para acabar com o regime, o que culminou com a realização de eleições multirraciais e democráticas em 1994, que foram vencidas pelo Congresso Nacional Africano, liderado por Nelson Mandela, que assume a presidência do país.
*Fonte: www.cosatu.org.za
**Fonte: www.wikipedia.org
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