Estresse, depressão e ansiedade: os inimigos do professor da rede pública de SP |
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Qualquer semelhança com o estado de Minas Gerais NÃO é mera coincidência. |
A
Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São
Paulo), em parceria com o grupo Géia, apresentou os resultados de uma
pesquisa que traçou o panorama da saúde dos professores da rede estadual
de São Paulo. O médico do grupo Géia, Leandro Ramani, apresentou a
análise da pesquisa realizada durante o congresso da Apeoesp, em
dezembro de 2010, que comprovam o adoecimento dos professores da rede
estadual. O levantamento apontou que, dentre os professores pesquisados,
27% tiveram afastamento da atividade profissional no ano anterior a
pesquisa (2009), motivado por problemas de saúde.
Um dado que chama bastante atenção no
levantamento é que 41% dos entrevistados afirmaram terem sofrido, no ano
anterior à pesquisa, com problemas relacionados a sua saúde mental,
deste, 29% foram diagnosticados com depressão e 23% com transtornos de
ansiedade. As doenças relacionadas à saúde mental dos professores são as
que mais os afastam da atividade profissional. Dentre os que tiveram
depressão, 57% tiveram que ser afastados de suas atividades
profissionais e, daqueles que tiveram transtornos de ansiedade, 49%
foram afastados da sala de aula.
"O ambiente de trabalho do professor é
um ambiente onde existe violência. Isso acaba gerando o que chamamos de
estresse crônico. O nosso sistema simpático reage a situações
estressantes e nos coloca em estado de alerta. Quando a situação de
estresse passou, o sistema parassimpático é ativado para que o nosso
corpo relaxe. O que estou inferindo aqui é que o professor sofre
situações estressantes diuturnamente, e não possui o tempo para que o
sistema parassimpático funcione e ele possa relaxar", explica Ramani.
Dos profissionais que declararam sofrer
de ansiedade ou pânico, 62% não fazem acompanhamento médico
regularmente. Entre os que afirmaram sofrer de depressão, 59% não tem
acompanhamento médico regular. Para Fábio Santos de Moraes, secretário
geral da Apeoesp, a política do governo estadual colabora para este
quadro.
"A falta de estrutura é gritante. Nós
vivemos uma barbárie. O estado age na consequência e não na causa. Para o
professor não faltar mais o estado limitou o número de vezes que ele
vai ao médico", aponta Moraes.
Obesidade
Outro dado significativo da pesquisa
refere-se à taxa de obesidade entre os professores. Dentre os
pesquisados, 31,8% dos professores estão em situação de obesidade e
41,2% estão enquadrados como pré-obesos. Segundo o Ramani, uma das
principais causas para este alto índice de obesidade e pré-obesidade é a
não realização de atividades físicas regulares, 43% dos professores
afirmaram que não realizam nenhuma atividade física.
A pesquisa revelou ainda que a
realização de atividades físicas está relacionada com a idade do
professor. Professores com mais de 50 anos são aqueles que mais fazem
atividades físicas. "É importante ressaltar que nesta faixa etária estão
os professores aposentados, que possuem mais tempo para realizar
atividade física", frisou o Dr.Ramani.
Para Maria Izabel Noronha, presidenta da
Apeoesp, a razão para que muitos professores não façam atividades
físicas está na jornada de trabalho estafante. "Acho que em relação à
atividade física, o fato de a pesquisa apontar que os professores
aposentados fazem mais atividades físicas se relaciona com a falta de
tempo de quem dá aulas. O professor não tem tempo para cuidar de si",
disse.
Encaminhamentos
Após a apresentação dos resultado, Maria
Izabel Noronha afirmou que a Apeoesp vai fazer um grande esforço para
dar força para a publicação da pesquisa, e assim levar seus números ao
conhecimento de toda a categoria. Desta forma, segundo ela, será
possível cobrar do governo do estado ações para melhorar a saúde do
professor da rede estadual de ensino.
"Devemos tirar metas de como queremos
lidar com essa questão do adoecimento dos professores, essa publicação
vai sensibilizar muito para que consigamos expor a situação. Um
candidato, por uma bolinha de papel na cabeça, fez mil raios x, e nós
não conseguimos. E quando conseguimos já passou o tempo", destaca.
"Precisamos fazer com que os números sejam revertidos. Que sejam
pensadas políticas de prevenção e tratamento do professor adoecido."
(APOESP, 12.09.12) |
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