sexta-feira, 14 de setembro de 2012

 

MAIS UMA GREVE DA EDUCAÇÃO. ETA POVO QUE NÃO PARA DE LUTAR.

Trabalhadores em Educação entram em greve até que o governo negocie

Sem uma resposta sobre suas reivindicações, os trabalhadores em Educação voltaram a protestar ontem contra a postura do Governo do Estado. A categoria já havia decidido em assembleia, há cerca de 10 dias, pela greve em caso de o governo se recusasse a negociar. A partir desta segunda-feira, o movimento grevista foi iniciado.  
Na sexta-feira, 07, a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima (Sinter) se reuniu com o governador Anchieta Júnior (PSDB) para retomar os diálogos e tentar um acordo. No entanto, conforme o Sinter, não houve negociação e o sindicato continua sem posicionamento oficial por parte do governo.
Na mobilização de ontem, com cruz e faixas com frases de protesto, os trabalhadores em educação se reuniram na Praça do Centro Cívico à espera de um documento assinado pelo governador sobre a reunião de sexta-feira. Segundo Josinaldo Barbosa, presidente do Sinter, seria o teor deste documento que determinaria se os trabalhadores prosseguiriam ou não com a greve.
“O governador recebeu a Comissão do Sinter, no entanto se recusa a negociar. Ele continua de braços cruzados sem atender nossas reivindicações e sem apresentar propostas. Como não foi nos encaminhado nenhum documento formalizando o acordo, vamos prosseguir com a greve”, disse.
Servidores da Saúde engrossam movimento
Em demonstração de apoio aos servidores em educação, diversos profissionais de Saúde compareceram ao Centro Cívico, dando força ao movimento. Conforme Humberto Alves, presidente da Comissão de Multiprofissionais da Saúde, o objetivo é mostrar para a sociedade o descontentamento das categorias. Nos últimos dias, a comissão travou uma luta com o governo por causa de um projeto de lei que prevê a gratificação de 150% apenas para a classe médica.
“Reconhecemos o mérito dos médicos, mas saúde não se faz somente com esse profissional. Queremos que todos sejam tratados de forma igualitária”, disse Alves. Ele adiantou que hoje, 11, os profissionais de saúde estarão novamente na Assembleia Legislativa para pedir a retirada do projeto da gratificação médica da pauta. “Reafirmamos: não somos contra o aumento da gratificação, mas queremos que seja estendida as demais profissionais”, afirmou.
No dia 28 de agosto, data em que o projeto foi retirado da pauta de votação, foi formada pela Assembleia uma Comissão Externa Especial para analisar o projeto em conjunto com a Comissão de Multiprofissionais de Saúde, mas Alves disse que não houve diálogo, porque todas as reuniões agendadas foram desmarcadas. “Tivemos várias oportunidades para nos reunir, mas todas foram canceladas. O discurso da instituição de uma comissão para nos receber foi lindo, só que na prática isso não aconteceu”, ressaltou.
Polícia usa spray de pimenta para dispersar manifestantes
Ontem pela manhã, como forma de chamar a atenção do ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, que participava de um evento no Palácio da Cultura, os trabalhadores em educação e saúde tentaram se aproximar do local para expor os fatos ao ministro. Mas foram impedidos por policias, que usaram até spray de pimenta para conter o tumulto que se formou.
“O que se percebeu é que o governador não quer que o ministro tenha conhecimento do descaso que ele está tendo com a educação, sobretudo que o Governo de Roraima descumpre uma lei federal [Lei do Piso] que determina o direito ao planejamento de aula. Ele quer aparecer na mídia nacional como sendo um governo que cumpre com a legislação”, disse, ao comentar que a atitude dos policias foi desnecessária porque o protesto era pacífico.
Secretaria diz que 45 das 60 escolas não aderiram ao movimento ontem
A Secretaria Estadual de Educação, Cultura e Desportos (SECD) informou ontem que, das 60 escolas da Capital, 45 não aderiram ao movimento grevista proposto pelo sindicato da categoria, três paralisaram as atividades e 12 aderiram de forma parcial à paralisação.
Com relação às unidades de ensino do interior, não-indígenas e indígenas, a nota informa que continuam com aulas normais, com base no levantamento do Departamento de Gestão do Interior (DGI) e Divisão de Educação Indígena (DIEI).
A SECD afirma que entende que a greve é um direito do trabalhador, porém deve-se observar o Calendário Escolar, uma vez que esse dia de paralisação será reposto a fim de não causar prejuízo intelectual aos alunos da rede pública estadual.
A secretaria disse ainda que na semana passada recebeu recomendação do Ministério Público Estadual para que as escolas cumpram todo o Calendário Escolar de maneira a finalizar o ano letivo, que possui 200 dias, conforme preconiza a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN).
O documento recomenda ainda, que sejam adotadas as medidas cabíveis nos casos em que for verificado o seu descumprimento, diante da prática de manifestações ou atos (mesmo que omissivos), que sem o devido consentimento, impeçam a realização das atividades escolares.
Estudantes anunciam protesto para quinta-feira
As péssimas condições nas escolas estaduais e a falta de professores motivaram os alunos das escolas Ayrton Senna (no Centro) e Gonçalves Dias (bairro Canarinho) a organizarem um protesto na próxima quinta-feira, 13, na Praça do Centro Cívico, a partir das 8h da manhã.
Conforme Caio Munhóz, 17, presidente do Grêmio Estudantil da Escola Estadual Ayrton Senna, para chamar a atenção de estudantes de outras escolas, o evento será divulgado nas redes sociais.
“A nossa luta é denunciar a precariedade das escolas e cobrar melhorias. Convidamos os alunos das demais escolas que estejam passando pelos mesmos problemas”, disse Munhóz.
A falta de professores também está entre as reivindicações dos alunos. Caio disse que em sua turma faltam professores das disciplinas de matemática, português e física.
Ozielli Ferreira / Folha de Boa Vista
Fonte: site Sinterroraima

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