30 bilhões para a copa e apenas 0,26 centavos (por mulher) para as políticas de combate à violência contra as mulheres.
A prioridade do governo federal é clara e isso nos coloca uma tarefa: lutar em defesa dos direitos das mulheres trabalhadoras exigindo do governo Dilma mais investimentos no combate ao machismo que oprime, espanca e mata milhares de mulheres trabalhadoras no nosso país.
Em Juiz de Fora, o MML (Movimento Mulheres em Luta) e a comissão de opressão do SindUte realizarão hoje (07/03), a partir das 17:30 uma panfletagem no calçadão. Participe!
O Dia Internacional de Luta das Mulheres Trabalhadoras será marcado pela luta contra as injustiças da Copa e o questionamento dos seus gastos
O primeiro sábado após o carnaval será lilás e vermelho. As ruas das principais capitais brasileiras serão tomadas pelas mulheres trabalhadoras e suas bandeiras. É que se comemorará o dia 8 de março, “Dia Internacional de Luta das Mulheres Trabalhadoras”.
Vamos presenciar as primeiras manifestações do dia 8 de março após a abertura de uma nova situação política no país, inaugurada com as jornadas de Junho. Nossas lutas estavam estampadas nos cartazes, faixas e bandeiras, como a luta contra a violência e o “Bolsa Estupro”.
Um dos principais motivos que trouxe essa efervescência política para o Brasil é a realização da Copa do Mundo e as injustiças promovidas por esse Megaevento. Portanto, o dia 8 de março de 2014 será marcado pela luta contra as injustiças da Copa e o questionamento dos seus gastos.
26 centavos
A violência machista mata 15 mulheres por dia no Brasil. A cada 2 minutos, cinco mulheres são espancadas. Em 2012, mais de 50 mil casos de estupros foram registrados. 60% das mulheres que sofrem violência são mulheres negras.
No entanto, mais de 30 bilhões de reais dos cofres públicos são investidos na realização da Copa, o investimento nos programas de combate à violência contra as mulheres não passa dos 25 milhões de reais. Somado todo o investimento em 10 anos de governo do PT para o combate à violência contra as mulheres, e dividido pelas mulheres do país, vamos ver que foi investido apenas R$ 0,26 por cada uma delas, ou seja, uma quantia muito insuficiente para combater um problema tão sério.
Ao priorizar os megaeventos e bancos, o governo acaba por favorecer os empresários e ignora a dura realidade da mulher trabalhadora que sofre cotidianamente com a violência doméstica e sexual.
Turismo sexual e prostituição
Nos países que já sediaram a Copa, a violência sexual e a prostituição aumentaram, especialmente de adolescentes. Tanto é assim que a FIFA produziu um vídeo, a ser reproduzido nos aviões que vem da Europa e dos EUA, para alertar que a prostituição infantil é crime no país. O “comércio do sexo” ficará aquecido e milhares de mulheres vão vender seus corpos, a maioria pobre, jovem e negra, expostas a todos os tipos de violência. As mulheres transexuais, as quais a alternativa da prostituição é muito presente em suas vidas, também serão alvo dessa violência. O projeto do Deputado Jean Willys (PL 4211/2012) defende que para solucionar a questão da prostituição se regulamente a exploração do cafetão. De acordo com o projeto, o cafetão poderá ficar com até metade do valor do programa de uma mulher em situação de prostituição, o que atenderia aos interesses dos agenciadores e não das mulheres.
Remoções e sufoco nos transportes
Milhares de famílias já foram expulsas de suas casas para garantir as obras da Copa. Este é um ataque particular às mulheres. Na maioria dos casos de remoções, muitas mulheres chefiam famílias sozinhas e não são assistidas pelos governos com alternativas de moradia. O Programa Minha Casa, Minha Vida não resolveu a situação das famílias com renda salarial menor, uma vez que o déficit habitacional dessa faixa não mudou. As promessas de investimento em transporte e infraestrutura, como “consequências positivas da Copa”, não têm passado de promessas. As tarifas continuam altas, a qualidade é ruim, a capacidade é insuficiente e as mulheres trabalhadoras, maioria entre os usuários deste serviço, ainda amargam as ameaças de assédio e violência sexual.
Fila nos hospitais, fila nas creches...
As mulheres trabalhadoras passam noites nas filas dos hospitais e na espera por vagas em creches públicas. Isso acontece porque a saúde e a educação são áreas que recebem muito pouco investimento. Na previsão do orçamento geral da União, permanece uma injustiça muito grande: 3,91% para a Saúde; 3,44% para a educação e 42% para a dívida pública.
A resposta dos governos, tanto em nível federal quanto em níveis estaduais e municipais, para as manifestações é aprofundar a repressão e criminalizar os movimentos sociais. As mulheres que passam pela experiência de serem detidas nas manifestações vivem, muitas vezes, uma violência policial particular: abusos, insultos e xingamentos machistas tomam conta da conduta policial, demonstrando que o machismo e a humilhação é parte dos recursos para desmoralizar o movimento e as mulheres que constroem a luta.
Dilma governa para as mulheres?
Governar para a mulher trabalhadora é investir em saúde, educação, transporte, moradia e no combate à violência
A presidente Dilma diz governar para as mulheres trabalhadoras. E muitas mulheres creditam à Dilma o fato de terem melhorado suas vidas, sobretudo através do recurso promovido pelo programa Bolsa Família, no qual 93% das bolsas são distribuídas no nome das mulheres. Respeitamos essa opinião, mas não concordamos com ela. Se Dilma invertesse as prioridades do seu governo e colocasse as necessidades da mulher trabalhadora em primeiro plano, seria possível melhorar muito mais a vida das mulheres.
Não acreditamos, por exemplo, que gastar mais de 40% do orçamento do país com juros que vão para o bolso dos banqueiros e gastar apenas 3% desse orça- mento em saúde demonstre preocupação com as mulheres trabalhadoras. A FIFA foi isenta de todos os impostos, promovendo grandes lucros para esta grande empresa e tirando do país recursos que poderiam ser investidos para construção de creches, melhoria nos transportes, combate à violência contra a mulher e etc. Essas prioridades demonstram que apesar de ser mulher, Dilma governa mais para os empresários do que para as mulheres.
Publicado originalmente no Opinião Socialista 475
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