quinta-feira, 20 de março de 2014

Na Copa vai ter luta! Todos ao Encontro Nacional do Espaço Unidade de Ação!

 A direção da Subsede participará desse encontro. Serão mais de 20 entidades de trabalhadores e estudantes de todo o país debatendo e preparando as manifestações contra as injustiças da copa.

 

Em meio às greves e mobilizações da classe trabalhadora da cidade e do campo, da luta do movimento popular e dos protestos contra os gastos da Copa, será realizado, no dia 22 em São Paulo, um Encontro Nacional para unificar as lutas. O encontro ganha adesões e atraem setores que desejam organizar a luta durante a realização do mundial no Brasil. A atual situação do país exige a unidade das diversas lutas dos trabalhadores e da juventude para superar a dispersão. Por outro lado, a vitoriosa greve dos garis do Rio de Janeiro foi um exemplo para todos os trabalhadores. Provou que, apesar da repressão, é possível lutar, é possível vencer




A situação do país está cada vez marcada por uma crescente insatisfação. Afinal, nenhuma das demandas populares de junho passado foi atendida pelos governos. Enquanto isso, a repressão do governo Dilma (PT) e dos governos estaduais do PSDB, PMDB e outros partidos, vai aumentando com a aproximação da Copa, o que cria uma polarização crescente no país. 
Na economia as contradições vão aumentando lentamente. Não há perspectivas imediatas de crise econômica, mas pouco a pouco a economia apresenta muitos problemas.
O governo Dilma faz mais e mais concessões ao capital financeiro, e nenhuma para os trabalhadores e o povo pobre. Dilma cortou R$ 44 bilhões do Orçamento para pagar a dívida aos banqueiros, o que vai afetar os gastos sociais em serviços públicos. A reforma agrária está paralisada. A burguesia, com o apoio do governo, endurece cada vez mais as negociações salariais para buscar manter sua taxa de lucros.
As manifestações brutais de opressão crescem a cada dia como reação contra as lutas e as conquistas das mulheres, negros e homossexuais. Cenas grotescas de machismo, racismo e homofobia devem ser respondidas pelos trabalhadores com todo o repúdio.
A unidade burguesa ao redor do governo começa a dar sinais também de desgaste. O ano eleitoral leva a oposição burguesa a criticar cada passo do governo. Mesmo na base governista, os atritos se ampliam por mais espaço nos ministérios. O enfrentamento entre PT e PMDB é um exemplo desse desgaste.
A insatisfação está cada vez maior ainda nesse início de ano. As pesquisas eleitorais indicam uma vitória do PT talvez no primeiro turno, mas o governo está em alerta. A popularidade de Dilma caiu 4% entre dezembro e fevereiro, em um momento em que as pessoas em geral ficam mais felizes pelo 13º salário e pelas férias. O apoio a Dilma é menor nas capitais, nas regiões mais industrializadas e junto aos mais jovens.
As próximas pesquisas serão importantes para Dilma. Caso sua popularidade se estabilize, o governo pode encarar o período crítico da Copa com mais tranquilidade. Caso siga o declínio podem vir crises maiores.
O governo Dilma quer impedir de qualquer jeito as grandes mobilizações durante a Copa. Está fazendo uma gigantesca operação de propaganda, apoiada na paixão popular pelo futebol. Mesmo assim, não está conseguindo virar a opinião pública. As pesquisas indicam que 82%  da população está contra os gastos excessivos com os estádios. Mais da metade, se pudesse decidir hoje, estaria contra a realização da Copa no Brasil.
O governo está perdendo a batalha pela consciência das massas sobre a Copa pela brutal diferença entre os gastos bilionários com os estádios e a crise na saúde, educação e transporte.
O exemplo dos garis
O governo conta também com o apoio da direção da CUT, do MST e da UNE para evitar as mobilizações durante a Copa, e impedir todo tipo de lutas salariais e populares. Conseguiu até agora evitar lutas nacionais unificadas contra os gastos da Copa. Mas não conseguiu impedir as mobilizações locais por moradias, contra as desocupações, contra a situação dos transportes (como no metrô São Paulo e o aumento da tarifa  no Rio de Janeiro) e contra os assassinatos da juventude negra pela polícia nos bairros pobres.

Não conseguiram conter também as rebeliões de base que têm marcado as mobilizações salariais, como dos motoristas de ônibus em Porto Alegre, operários da construção civil do Comperj, e agora os garis no Rio de Janeiro. Vem aí as mobilizações salariais do funcionalismo público federal e dos professores em várias partes do país.
A vitória dos garis é um símbolo. Um sinal para que os trabalhadores entrem em luta, com ou sem acordo dos pelegos que dirigem boa parte dos sindicatos do país. Os garis sentiram a fragilidade do governo com a imensa quantidade de lixo nas ruas em pleno carnaval. Mesmo com apoio da imprensa, o governo não conseguiu acabar com o apoio da população aos garis. Esse apoio foi qualitativo, porque ampliou o desgaste político do governo a cada dia de greve. Isso permitiu que apesar da repressão, a greve se mantivesse por oito dias. No final, o governo teve de recuar, aceitar a maior parte das reivindicações dos garis e suspender todas as demissões.
Existem inúmeras expressões da nova realidade política aberta no país desde junho passado. As grandes passeatas foram a forma inicial das mobilizações. Depois vieram as ocupações das Câmaras e Assembleias, ocupações de terrenos urbanos para a luta por moradia, greves radicalizadas de categorias. A greve dos garis, assim como a dos operários do Comperj, e como foi a dos professores do Rio, dos petroleiros contra o leilão de Libra, mostra como essas greves – fortalecidas pelas rebeliões de base contra as burocracias sindicais- são partes muito importantes dessa situação. E podem também ser um componente de peso na conjuntura de junho durante a Copa. Os garis são um exemplo a ser seguido.
 Mesmo com a repressão, é possível lutar é possível vencer!
Os governos apostam na repressão e montam novas táticas para impedir as manifestações, como foi no protesto em São Paulo do dia 22 de fevereiro. Nela, policiais cercaram e prenderam centenas de manifestantes. Tentam também endurecer a legislação com a lei “antiterrorista”. Uma das táticas mais importantes usadas pelos governos é associar as mobilizações à violência. Para isso se utilizam das ações dos “Black Bloc’s” e a própria repressão para intimidar as pessoas a participarem das passeatas.

Mas basta pensar no exemplo dos garis, e no que pode ocorrer durante a Copa, para chegar a uma conclusão: mesmo toda a repressão é possível lutar e vencer.
O governo não consegue mudar o repúdio da população aos gastos nos estádios enquanto segue o caos nos serviços públicos. Se as mobilizações estiverem apoiadas nesse sentimento, poderão ter um grande respaldo popular.
 O papel do Encontro
A CSP-Conlutas e outras entidades convocaram um Encontro Nacional para apoiar as lutas dos trabalhadores que estão ocorrendo agora e preparar um plano de lutas e um programa para uma ação unificada nacional em junho. Esse Encontro pode ter uma enorme importância no cenário político e construir o movimento “Na Copa vai ter lutas”.

Trata-se de preparar uma ação unificada dos movimentos sindical, popular e estudantil, com várias datas pré-determinadas que comecem desde agora até a Copa. Essa iniciativa visa dar continuidade às mobilizações de junho, se utilizando da grande visibilidade mundial dos jogos da Copa.
Esses movimentos, caso se massifiquem, podem apontar uma alternativa superior à de junho por apresentar um programa para o país e uma alternativa de direção. Mas podem também acumular forças muito importantes para o movimento. Podem levar a um passo adiante na reorganização do movimento sindical, popular e estudantil, reunindo os que lutam ao redor de um programa comum, dando uma resposta aos sindicatos governistas.
O programa que está sendo discutido visa dar resposta às reivindicações de junho. Vamos cobrar de Dilma que pare de dar dinheiro para a FIFA e para os bancos, para dar 10% do PIB para a educação pública, 10% do PIB para a saúde pública, transporte público de qualidade com tarifa zero, moradias populares, reforma agrária e lutar contra as opressões às mulheres, negros e homossexuais.
Fonte: site CSPConlutas

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