segunda-feira, 29 de agosto de 2011

PROFESSORES: ESSA LUTA É DE TODOS!



Por Vinnícius Moraes

Por motivos que eu ainda não posso revelar publicamente, tive que me afastar um pouco do blog e das redes sociais.

Mas é impossível não reiterar meu apoio e minha solidariedade aos professores, em luta pelo cumprimento da lei!

Submetidos a um longo processo histórico de desvalorização, restou aos profissionais da educação apenas um caminho: a greve.

O quadro é tão caótico que, nos dias 23 e 24 de agosto, na cidade mineira de Juiz de Fora, a paralisação alcançou professores dos três níveis da rede pública de ensino: municipal, estadual e federal.

Em greve há 80 dias (desde 8 de junho), os professores da rede estadual de Minas Gerais cobram do governo o cumprimento da Lei nº 11.738, de 16 de julho de 2008, que institui o Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN) para os profissionais do magistério público da educação básica.

Lutando também pelo piso salarial, os professores da rede municipal de Juiz de Fora decidiram pela greve no dia 16 de agosto.

Em poucas palavras, não querem os professores das redes municipal e estadual de Minas Gerais nada além do mínimo que lhes garante a legislação brasileira!

Ademais, qualquer dúvida porventura existente em relação à constitucionalidade e à aplicação imediata da referida Lei, foi eliminada com a publicação - na edição de 24 de agosto de 2011, do Diário da Justiça - da decisão (acórdão) do Supremo Tribunal Federal (para mais detalhes, clique aqui).

Assim, o que se espera dos governos municipal e estadual - chefiados, respectivamente, por Custódio Mattos (PSDB) e Antonio Anastasia (PSDB) - é apenas o cumprimento da lei!

Além de participar ativamente das manifestações da categoria nas ruas, a professora juiz-forana Helena Rodrigues Gonçalves também tem aproveitado o potencial das redes sociais para debater publicamente a situação dos profissionais da educação.

Diante do descaso dos gestores com a educação, a professora, entre outras reflexões veiculadas em sua página no "facebook", questiona:

como pensar o sistema educacional, a escola, o discurso pedagógico, considerando que a realização desse trabalho tem que estar assentada no reconhecimento do professor, que tem papel fundamental no processo educativo formal?

Contudo, lamentavelmente, em negociações com trabalhadores, é comum governantes tentarem desqualificar os profissionais, utilizando-se, habitualmente, da grande audiência dos meios tradicionais de comunicação, muitos economicamente dependentes de verbas provenientes de campanhas publicitárias.

Proponho um exercício simples: verifique - nos meios de comunicação de sua cidade, de seu estado e do país - quem são os maiores anunciantes dos respectivos veículos...

Assim, como supor que a intensa relação comercial estabelecida entre governos e empresas de comunicação não afeta o jornalismo?

Em Minas Gerais, por exemplo, a relação entre o governo estadual e a imprensa tradicional é tão imbricada, que já desperta a atenção internacional, como mostra o filme "Gagged in Brazil", produzido pelo documentarista mineiro Daniel Florêncio para a "Current TV" e exibido em maio de 2008 no Reino Unido e nos Estados Unidos:

Neste momento, Aécio Neves exerce a função de senador, mas a prática na "Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves" (sede oficial do Governo do Estado de Minas Gerais) parece não ter se modificado no governo de seu sucessor, o "professor" Antonio Anastasia.

No início de agosto, o jornalista Luiz Carlos Azenha publicou em seu site ("vi o mundo - o que você não vê na mídia") o excelente texto "Professores de Minas publicam contracheques para provar que estado é PSDB [PIOR SALÁRIO DO BRASIL]".

Logo no primeiro parágrafo, o jornalista denuncia a sórdida estratégia adotada pelo atual governador:

Depois de uma campanha midiática em que o governador Antonio Anastasia sugeriu que os professores em greve estavam mentindo sobre os salários pagos a eles pelo governo de Minas Gerais, os profissionais de Educação do estado decidiram publicar os contracheques e encaminhar um kit-salário para os jornais e outros meios de comunicação do estado.

Contudo, a "cortina de fumaça" gerada pela força persuasiva da propaganda oficial é tão densa que alguns cidadãos são levados a uma visão deturpada da realidade. Como no caso de Avelino Jr., que teve uma carta publicada no jornal juiz-forano "Diário Regional", na edição de 25/08/2011:


No texto, o referido leitor, "indignado com a greve dos professores" (segundo ele, "irresponsáveis com a educação") e que se baseia "nos noticiários" como fonte para a sua argumentação, afirma que estudantes do Instituto Estadual de Educação teriam se manifestado, "implorando que a categoria volte ao trabalho".

Entendo a preocupação do cidadão Avelino Jr., pai de aluno de escola estadual, mas a sua versão para a motivação da manifestação dos estudantes é completamente distinta do que fora veiculado no site "Acessa.com", pela repórter Aline Furtado:

Alunos protestam em JF
Na manhã desta terça-feira, 23, estudantes do ensino médio do Instituto Estadual de Educação (IEE) fizeram um protesto na porta da escola, a fim de chamar a atenção para a greve. A manifestação foi uma forma de apoio aos professores da rede estadual, além de repúdio à falta de negociação.

E essa não foi a primeira manifestação pública de apoio dos estudantes aos professores juiz-foranos: na semana anterior, no dia 16 de agosto, um grupo formado por mais de 50 estudantes interrompeu o trânsito em uma das principais avenidas da cidade, por cerca de 30 minutos.

É preciso ter "olhos de ver" e "ouvidos de ouvir"!
Somente assim, conseguiremos cobrar os que são realmente (ir)responsáveis com a educação!

Muitos leitores do blog elogiam a forma como escrevo. Devo isso, entre outras coisas, a muitos professores!

Para elaborar bons textos, são fundamentais os hábitos da leitura e da pesquisa, adquiridos ao longo do tempo. Também esse "fogo interno", devo a professores!

Ainda, sem medo de exagerar, afirmo que, muito do que sou, nos âmbitos pessoal e profissional, devo a professores!

Por isso: se professores estão em luta, estou com eles!

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