Este é o testemunho de Walber, eleito servidor sindical da categoria de trabalhadores e trabalhadoras da educação do Estado de Minas Gerais, também trabalhador da Educação do Estado do Rio de Janeiro. Alguns motivos norteiam a escrita desta mensagem. O primeiro, busca mostrar o que temos feito em Juiz de Fora, na região, em Minas Gerais http://sindutejf.blogspot.com/ e no Estado do Rio de Janeiro http://www.youtube.com/watch?v=gfG0WIEbUmY para o movimento e a luta pela implantação do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN), cujo valor atualizado é de R$1.597,87, rumo ao piso do Dieese.
O segundo tem por objetivo convocá-los a apoiar, iniciar, permanecer ou voltar à greve, com todos os riscos que ela nos traz e com todas as conquistas que dela resultar. Como sabem, estou em greve também no Rio de Janeiro. Por lá também estou tendo corte de salário, pressão, assédio moral etc. Em Juiz de Fora e região, estamos organizando o apoio aos grevistas e preparando uma campanha publicitária e de solidariedade aos trabalhadores e trabalhadoras que tiveram o ponto cortado. Isso também a Direção do Sind-UTE – Subsede Juiz de Fora – tem feito!
Lembro-me de Dom Valdir Calheiros e da greve dos trabalhadores da CSN no período da ditadura empresarial-militar no Brasil. Com o ponto dos trabalhadores em greve cortado, a Diocese de Volta Redonda fez uma ampla campanha de solidariedade para que a greve continuasse e as reivindicações dos trabalhadores fossem atendidas. Tempos em que eclesiásticos se colocavam a favor dos excluídos, mesmo tendo em seus quadros defensores daquela ordem estabelecida.
Também são feitas visitas às escolas para tentar convencer os trabalhadores e trabalhadoras a aderirem à greve. "Pedágios Pedagógicos", "Arraiá da Greve", Assembleias, dentre outras atividades. Mas não basta fazer greve, é preciso participar das atividades e dar visibilidade ao movimento! Não podemos ficar encolhidos em nossos medos e mundos particulares sem nos envolver com os problemas que também são nossos! Somos filhos e filhas de projeto coletivo de humanidade e não seremos felizes sozinhos! Ou se é feliz todos juntos ou a humanidade não terá felicidade, pois individualmente, é impossível ser feliz!
Muitos brincam que, quando nasci, ajudei na organização das crianças colocadas no berçário! Organização desde o primeiro momento das ações chamadas de "Grito dos Excluídos", das Semanas Sociais Brasileiras, das manifestações contra o aumento das passagens de ônibus, contra as privatizações das telecomunicações, da Vale do Rio Doce, pela ética na política, no movimento Fora Bejani, naquele chamado Fora Vicentão... Tantas lutas, caríssimos!
Defendemos ainda hoje na igreja e na sociedade em geral, os direitos humanos, potencializados em um Fórum de entidades. Contribuímos para que leis de iniciativa Popular fossem aprovadas, como a Lei de Combate à Corrupção (Lei 9.840) e, mais recentemente, a Lei da Ficha Limpa.
Algumas destas lutas enfrentamos juntos e, recentemente, participamos de uma que mostrou a nossa força e a confiança da comunidade escolar no projeto que defendemos: Escola Pública de Qualidade Social, cujo projeto em "Tempo Integral" foi o grande vencedor, não obstante os poucos votos que nos faltaram, embora não tenha faltado dignidade de nossa parte. Não fizemos promessas vãs, não compramos votos, não ameaçamos, não assediamos, não nos omitimos.
Sei que temos razões para ponderar aqui e acolá, um encaminhamento ou outro, uma dúvida e outra. O que não podemos é tergiversar ou omitir nossa solidariedade aos que sempre lutaram e que continuarão lutando. Não devemos envergonhar a nossa história de lutadores e lutadoras de sempre. Não podemos deixar que o medo em nós seja maior que os valores cultivados durante a nossa vida.
Rosa Luxemburgo dizia que "Nada grandioso é feito sem paixão." Karl Marx conclamara: "Trabalhadores do mundo, uní-vos!" Jesus, o Cristo de Nazaré, mostrou com a própria vida uma nova sociabilidade. Gandhi contribuiu para que a Índia fosse independente da Inglaterra com o boicote ao sal inglês.
E nós, ficaremos com medo de Anastasia e Sérgio Cabral e de todos aqueles que os sustentam política e financeiramente? Vamos abdicar de nosso direito e de nosso dever de lutar em defesa de nossos direitos? Como encararemos nossos alunos (as) e nossos (as) colegas de trabalho? Será que conseguiremos dormir tranquilos em nossa consciência de lutadores e lutadoras? Deixaremos valorosos companheiros e companheiras lutando sozinhos sob o fogo cruzado dos Governos Estaduais, dos Tribunais de Justiça e de excelências federais e estaduais?
"Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor" (Jo 1, 23). Nossa ação não deve ser coletiva? Assembleias acontecem e pouco ou nenhuma vez tenho visto a participação de parte significativa da categoria. Posso considerar como algo sintomático? Como todos sabem, a luta sindical deve ser de todos os trabalhadores e trabalhadoras da categoria, bem como o apoio às lutas deve ser de toda comunidade, de toda sociedade.
Nas assembleias, informes são apresentados como "enquanto durar a greve, não haverá posse dos diretores das escolas", por exemplo. Na assembleia estadual temos uma panorâmica visão do coletivo estadual em greve e ficamos mais convictos de que a nossa luta é mais que justa! Peço que reflitam. Peço que divulguem. Exorto aos leitores desta para que não cedam aos apelos da idolatria do capital e da divisão de nossas potenciais conquistas.
Quanto maior for o movimento, menor será o tempo da greve. Visão que Walber Meirelles Ladeira, filho de Thereza e José, ambos operários, lutador e lutadora de sempre, imprescindíveis para ele, a respeito da greve em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e em várias redes pelo país, nos dias de Dilma Roussef, Antônio Anastasia e Sérgio Cabral, rainha e reis no Brasil.
Na festa de São Domingos de Gusmão em 08 de agosto, sempre atual o ensinamento mendicante: "Como posso estudar em peles mortas, se meus irmãos morrem em peles vivas?" Quem têm ouvidos, ouçam.
* Walber Meirelles Ladeira é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Especialista em Ciência da Religião pela UFJF e em Direitos Humanos pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Ex-frade Dominicano. Presidente da Comissão Arquidiocesana Justiça e Paz - Arquidiocese de Juiz de Fora. Diretor do Sind-UTE - Subsede Juiz de Fora. Professor de sociologia nas redes estaduais de Minas Gerais e do Rio de Janeiro.
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