Os telejornais insistem em mostrar cenas sobre as manifestações contra o aumento da passagem de ônibus em São Paulo como atos de vandalismo dos jovens manifestantes. Mas esconde que as manifestações iniciam-se pacíficas e que o que as tornam violentas é a violenta repressão policial que, a mando de Haddad e Alckymin, investem contra os jovens com extrema brutalidade, na tentativa de calar os que se negam a ser explorados silenciosamente.
Fernando Haddad e Geraldo Alckymin sujam as mãos agredindo esses jovens para defender os interesses do lucro dos donos das empresas privadas de transporte que têm concessão pública. Provavelmente essas empresas são grandes "contribuintes" das campnahas salariais de muitos políticos paulistas.
Fernando Haddad e Geraldo Alckymin sujam as mãos agredindo esses jovens para defender os interesses do lucro dos donos das empresas privadas de transporte que têm concessão pública. Provavelmente essas empresas são grandes "contribuintes" das campnahas salariais de muitos políticos paulistas.
Vejam um interantíssimo texto publicado no blog da Yahoo sobre o Movimento Passe Livre que foi reponsável pela diminuição da tarifa em Porto Alegre e organiza esses atos em todo o país.
Não é de hoje, e não é exclusividade de São Paulo,
que os carros são os mais privilegiados pelo poder público (ah, tem as
empreiteiras também, mas essa é outra história). O governo federal baixa IPI
para aquecer o mercado de automóveis, o estadual manda a PM proteger o trânsito
deles e desce a bordoada em qualquer um que se opuser, e o municipal aumenta a
tarifa do transporte público que deveria ser uma das soluções para tantos
carros na rua.
Criado oficialmente em Porto Alegre no ano de 2005,
o Movimento Passe Livre (MPL) se define como “movimento
social autônomo, apartidário, horizontal e independente, que luta por um
transporte público de verdade, gratuito para o conjunto da população e fora da
iniciativa privada”. Suas manifestações já conseguiram redução de preços dos
ônibus em Florianópolis e Salvador e sua atuação nacional já se espalhou pelas
maiores capitais do país.
Nos últimos anos, São Paulo foi palco de vários
atos do MPL e recentemente, quando a passagem de ônibus passou de R$ 3 para R$
3,20, a cidade foi tomada por novas manifestações. Na quinta, 6 de junho, as
avenidas 23 de Maio, 9 de Julho e Paulista foram fechadas, houve confronto com
a polícia, depredações e o escambau (ver cobertura no site da Vice). Já havia outra manifestação
marcada para o dia 11 de junho na Praça do Ciclista, mas o caos da quinta pediu
outra em caráter de urgência que aconteceu ontem no Largo
da Batata.
Nos dois casos, a cobertura da grande imprensa
(principalmente a televisiva, sempre mais conservadora) bateu nas teclas do
“transtorno” e do “vandalismo”, mal ouvindo as reinvindicações sérias e muito
válidas do MPL. Transtorno? Mas a cidade vive parada por causa dos carros e
ontem, por exemplo, o congestionamento foi “normal” para uma sexta-feira na
hora do rush (e olha que a Marginal Pinheiros foi lindamente parada durante
cerca de 40 minutos pelo ato que reuniu 5 mil pessoas). Enfim, não é possível
fazer qualquer tipo de manifestação numa cidade grande como São Paulo sem
causar algum tipo de transtorno.
Vandalismo? Em qualquer lugar do mundo existem
idiotas e não é um ou dois malucos que deslegitimam todo um movimento. Vi
integrantes do MPL entregando panfletos para os carros parados pela marcha,
também os vi conversando com policiais para explicar o ato. Houve até uma nota
de esclarecimento do MPL
sobre os incidentes da quinta. Fico me perguntando... Porque as TVs e jornais
não falam da violência policial que gerou o tal “vandalismo”? Ontem o Major PM
Klinger, responsável pela operação, disse que se a marcha voltasse para a Av.
Faria Lima todo mundo iria tomar tiro. Nada de conversa, de diálogo, nada
próximo. Ouvi isso da boca dele após a PM atirar gás e “bombas de efeito
imoral”. E não tinha grande imprensa ali.
Ah, e porque os entrevistados de sempre são os
motoristas de carros e não os usuários de transporte público, já que o assunto
é esse? Talvez essa distância dos meios de comunicação dos anseios da população
e sua constante subserviência ao poder seja uma das razões de sua atual
irrelevância.
Se é possível ou não ter uma tarifa zero para toda
a população é uma discussão que tem ser colocada e o MPL está fazendo seu
papel. Fernando Haddad, prefeito de São Paulo, disse ao Estadão que isso custaria R$ 6 bilhões e
que isso seria muito difícil de ser custeado, mas que pretende conversar com a
presidenta Dilma para aumentar o subsídio e diminuir o valor da passagem.
Porém, o mais importante de tudo isso é que são as
manifestações da sociedade civil que colocam fogo nas mudanças. Se você reclama
da educação no país, mas xinga quando os professores fazem greve por melhores
qualidades de trabalho, você é um idiota. Se você reclama do transporte
público, mas fica de mimimi com o trânsito criado pela manifestação, você é
igualmente um idiota.
Não sei se o MPL vai conseguir a “tarifa zero”, mas
lutas justas assim são importantes para todos pensarem a cidade que queremos.
p.s.:
Altamente recomendáveis os textos de Leonardo Sakamoto (“Protestar
não restringe o direito de ir e vir. Aumentar a tarifa de ônibus, sim”) e Lino Bocchini (“Protestar
no Facebook não adianta. Tem que fechar avenida”).
Nenhum comentário:
Postar um comentário