Centrais Governistas exigem e governo manda cobrar o imposto sindical dos servidores públicos
As
centrais sindicais governistas conseguiram o que tanto queriam: a
normativa do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), de 14 de janeiro de
2013, que desobrigava os servidores públicos ao pagamento do imposto
sindical, foi suspensa por 30 dias.
Para o membro da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Paulo Barela,
a audiência pública convocada pelo governo, realizada no dia 25 de
fevereiro, cumpriu o papel de atender a vontade e demandas dessas
centrais governistas que só estão interessadas no dinheiro do imposto.
“Foi um teatro! Nem fomos convidados, tivemos que forçar nossa presença
na audiência e agora está muito claro que o governo precisava da
cumplicidade das Centrais pelegas para impor esse famigerado imposto”, explicou.
A CSP-Conlutas foi a
única central que se posicionou contra a cobrança de imposto sindical
dos servidores. “Nossa Central defende que a cobrança do imposto
sindical deve ser banida tanto no setor público quanto no setor privado.
Defendemos o financiamento feito voluntariamente pelos trabalhadores e o
autofinanciamento das entidades sindicais. Somos contra o pagamento do
imposto, pois este está sob a tutela do Estado e compromete a
independência dos sindicatos frente aos governos e patrões”, disse Barela.
O
dirigente também destacou o papel da CUT nesse episódio. Essa Central
criticou a postura unilateral do governo ao não discutir com as centrais
sobre o tema e propôs que fosse suspensa a normativa e que o assunto
fosse rediscutido no Conselho Bipartite
formado pelo MTE e as centrais governistas. Foi o que ocorreu.
Entretanto, ao defender a suspensão da norma atual, a CUT fez coro com
as outras centrais, uma vez que voltará a ter efeito a norma anterior,
editada pelo então ministro do Trabalho, Carlos Lupi.
Dessa forma, a CUT, que já se recusou a assinar os materiais da
Campanha pela Anulação da Reforma da Previdência-2003, aprovada sob um
forte esquema de corrupção, o chamado “mensalão”, agora, em aliança com
as demais centrais, apoia um novo ataque aos direitos dos servidores públicos.
Para Barela,
a CUT cumpriu um papel nefasto. “Essa Central defendeu a suspensão da
instrução normativa garantindo mais um saque ao bolso do trabalhador”.
Na verdade, a suspensão da medida vale por 30 dias a partir de sua
publicação, mas a obrigação do desconto do imposto sindical tem prazo
até 30 de março, ou seja, dentro do período da suspensão. Isso
significa que, ao final da validade do período de suspensão, e se não
houver acordo, volta a valer o não desconto, porém, o desconto já terá sido efetuado.“A CUT
faz uma propaganda contra a cobrança do imposto sindical, mas o grosso
de sua receita tem origem nessa fonte de arrecadação. A partir dessa
fonte financeira, essa Central sustenta os ataques do governo contra os
trabalhadores. Temos que alertá-los sobre isso para terem consciência de
quem os representa”, frisou o dirigente da CSP-Conlutas.
Barela
ressaltou que a Central vai continuar sua denuncia contra a suspensão,
pois a cobrança de imposto sindical para os servidores é
inconstitucional. “Vamos orientar os servidores de nossa base sobre esse
ataque, vamos recorrer a todas as alternativas de resistência,
inclusive as judiciais para barrar essa suspensão”, ressaltou.
O representante da Central afirmou ainda que para os sindicatos da base da CSP-Conlutas, na medida em que houver o desconto obrigatório, esse valor deverá ser devolvido para os trabalhadores.
Segundo Barela, enquanto as “centrais oficiais” discutem o conteúdo jurídico-constitucional das normas expedidas no MTE , a CSP-Conlutas
vai além. “A nossa Central discute o conteúdo político desse tipo de
imposição do Estado, que só serve para sustentar direções burocráticas,
que não têm compromisso nenhum com a organização e a luta dos
trabalhadores para defender seus direitos frente ao capitalismo”.
De
acordo com o dirigente, as centrais sindicais governistas só estão
interessadas nos mais de 11 milhões de servidores passíveis de
contribuição. “Elas estão de olho nos milhões de reais que sairão dos
salários dos funcionários públicos, assim como já fazem em relação aos
trabalhadores do setor privado”, completou.
Barela salientou que a CSP-Conlutas
vai continuar lutando ao lado dos trabalhadores contra a cobrança do
imposto sindical que burocratiza as relações entre sindicato e
trabalhadores. “Nós, da CSP-Conlutas,
gostaríamos de ver o mesmo ímpeto dessas centrais nas lutas que
verdadeiramente são de interesse dos trabalhadores como a marcha do dia
24 de abril em Brasília”, desafiou.
Entenda esse ataque - A norma executiva de 2013 foi editada pelo ministro do MTE, Carlos Daut
Brizola, após parecer da AGU (Advocacia-Geral da União) que questiona a
validade constitucional de outra instrução normativa de 2008, do então
ministro do MTE, Carlos Lupi, que estendeu a obrigação de pagar imposto sindical também aos servidores públicos.
Fonte: CSP-Conlutas
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