Trabalhadores em Educação de diversos estados do país
estão mostrando com luta e sangue que o Brasil está longe de ter como
prioridade a educação, como prometeu a presidente Dilma Rousseff durante
as eleições. A “Pátria educadora” se tornou “Pátria repressora”. Os
professores que ousam lutar, com greves e mobilizações são tratados
pelos governos com tiros, gás de pimenta e cassetetes.
O povo brasileiro acompanhou estarrecido a repressão da polícia do
governador Beto Richa (PSDB) contra educadores do Paraná, que
transformou a Praça Cívica, em Curitiba (PR), em Praça de Guerra, na
tarde de quarta-feira (29). A categoria está em luta contra a tentativa
do governo em atacar a previdência dos servidores. O braço repressor do
estado acabou com o ato legitimo e pacifico desses trabalhadores contra
o projeto, que foi aprovado ao custo de muita violência, com mais de
200 professores feridos, 13 pessoas presas e 15 feridas com gravidade.
Assim como no Paraná, educadores do Pará, São Paulo, Pernambuco,
Santa Catarina, Amapá, e da rede municipal em várias cidades, fazem
greve e enfrentam a dureza do braço repressor desses governos, que
retiram verbas do setor e consequentemente direitos desses
trabalhadores.
Pelo país, são pautas comuns de enfrentamento desse segmento: o
descumprimento da Lei do Piso, o não reajuste salarial e a
desvalorização do profissional de educação.
No Pará, por exemplo, os profissionais em Educação do Estado estão há
33 dias em greve e vêm travando uma batalha duríssima contra a
política do governo de Simão Jatene (PSDB). A categoria reivindica a
reforma nas escolas e o retroativo do piso.
Também em Pernambuco o governador Paulo Câmara (PSB), que prometeu em
campanha dobrar o salário dos professores, agora diz que não tem
aumento pra ninguém e nem sequer paga o piso, que é lei. Pior, ofereceu
um reajuste de 0,89%. Uma provocação! A categoria seguiu os exemplos
nacionais e tomou nas mãos os rumos da luta, contrariando a direção do
Sindicato – CUT e CTB, e deflagrou a greve.
Em São Paulo, os professores da rede estadual, em greve há 40 dias,
também enfrentam a mão de ferro do governador Geraldo Alckmin (PSDB) que
ignora a greve da categoria e não negocia. Aplicando em âmbito estadual
os cortes na educação, neste ano Alckmin cortou R$ 800 milhões de reais
da educação pública.
A radicalidade do movimento grevista desses educadores também marca
as mobilizações. Em Santa Catarina, os educadores em greve ocuparam a
Assembleia Legislativa e permanecem acampados no local. A paralisação
iniciada no dia 24 de março tem como principal reivindicação também o
cumprimento do pagamento do piso nacional, em defesa do plano de
carreira, e pelo reajuste de 13,01%, retroativo a janeiro de 2015, entre
outras demandas.
Os profissionais da educação municipal de Goiânia (GO), também em
greve, pedem melhorias nas estruturas físicas e segurança dos prédios,
construção de novas unidades, além do pagamento retroativo da data-base
de 2014 aos servidores administrativos e do piso dos professores. Eles
também reivindicam o pagamento de gratificação de 30% para auxiliares
educativos e de titularidades, titulações, progressões e seus
respectivos retroativos ao prefeito Paulo Garcia (PT).
Os professores do município de Macapá (AP) da rede municipal de
várias regiões fazem greve e enfrentam a dureza do estado, e também
lutam para que seja cumprido e pago o Piso Nacional, que não é pago
prefeito Clécio Luís (PSOL). Ao invés de negociar com a categoria e
atender suas reivindicações (o seu partido diz defender o piso nacional
dos professores estabelecido em lei), tem atacado sistematicamente a
luta e escolheu o caminho da tentativa de criminalização do movimento.
Retirada de direitos para dar aos banqueiros e patrões
Independente da esfera, tanto os governos federal, estaduais ou
municipais, em consonância com os patrões, estamos assistindo
nacionalmente o desmonte do setor de Educação, com agravante da
violência contra educadores de todo país que lutam contra retirada de
direitos.
Nos estados e municípios, seguindo a política federal, o enxugamento
fiscal e contenção de despesas são igualmente repassados para a
sociedade que é quem paga a conta. Isso por meio dos elevados tributos,
ou por meio da precarização dos serviços públicos.
Somente no âmbito federal, o governo cortou 7 bilhões de reais da
pasta Educação. Tal medida de redução e contenção de gastos visa
garantir “economia” para o pagamento da dívida pública, que consome
quase metade do orçamento, 45%.
A meta do governo é poupar R$ 66,3 bilhões para garantir o superávit
primário (economia para pagar a dívida), e isso será feito cortando
despesas e aumentando de receitas (por meio da elevação de impostos).
Sabemos quem paga por isso: os trabalhadores.
Greve Geral é a resposta
Esse descontentamento generalizado de diversos segmentos da
categoria, com abrangência no setor de Educação, que está fragmentado
nos estados, deve ser unificado e convergir em um movimento nacional,
com a greve geral.
Para a dirigente da CSP-Conlutas Joaninha de Oliveira, as greves no
setor de educação são contra a política que os governos estaduais e
municipais que têm implementado, e que seguem a mesma lógica do governo
Dilma, “impõem o ajuste fiscal, que se configura em ataques de direitos,
a exemplo do não cumprimento da lei do piso”.
A dirigente alerta que os ataques se intensificarão e a violência
também. “A exemplo da brutal repressão aos trabalhadores em educação do
Paraná e da repressão em outros estados, os profissionais da educação
devem intensificar também a resposta com mobilização, unidade e greve”,
defende.
Joaninha chama atenção ainda para a postura omissa de algumas
direções de entidades nacionais que representam a categoria, a exemplo
da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) que mesmo
diante de várias greves, que perduram há mais de um mês, chamou somente
para agora e de forma desarticulada a uma mobilização nacional.
A dirigente reafirma o chamado da CSP-Conlutas para que as entidades
rompam com as bandeiras governistas e organizem os trabalhadores da
Educação, bem como de outras categorias para uma greve geral. “A
CSP-Conlutas defende que para além dos setores de Educação é preciso
fortalecer e impulsionar as lutas de todos os trabalhadores para um
calendário nacional, rumo à greve geral. Vamos lutar contra as MPs 664 e
665 que retiram direitos e benefícios, e o projeto de lei 4330 que
regulamenta a terceirização no país. Vamos dar um basta aos ataques aos
direitos e só conseguiremos isso colocando os trabalhadores nas lutas e
unidos”, convoca.
Fonte: site CSPConlutas
Nenhum comentário:
Postar um comentário