terça-feira, 25 de novembro de 2014

Seminário Nacional: Movimento Mulheres em Luta aprova estatuto e inicia campanha por 1% do PIB para combate à violência

A subsede/JF participa da construção da CSPConlutas como uma nova ferramenta de organização nacional da classe trabalhadora e do MML (Movimento Mulheres em Luta) filiada a essa Central Sindical. 

Vamos aderir à campanha do baixo assinado de 1% do PIB para investimentos no combate à violência contra a mulher. Enviaremos o baixo assinado às escolas para coleta de assinaturas.


Com o plenário do Sintrajud cheio, neste sábado (22), em São Paulo, o MML (Movimento Mulheres em Luta) realizou o Seminário Nacional, e contou com a participação de mulheres vindas de cerca de 10 estados do país, para discutir a conjuntura política, o estatuto, proposta iniciada em seminário anterior, ocorrido em agosto, e a continuidade da Campanha Nacional contra a Violência.

O MML pensou a Campanha, segundo Letícia Pinho, da Executiva Nacional do Movimento, como um “guarda-chuva, uma vez que a violência contra a mulher se expressa de diversas formas”.

Para o movimento, uma costura nacional é a ferramenta para elaborar reivindicações de maneira mais abrangente e efetiva. E para que tenha eficiência, e de fato a mulher tenha estrutura de acolhimento e proteção, é necessário que o governo destine verba para os programas de enfrentamento à violência contra a mulher.

Karen Capelesso, da Executiva Nacional, expôs dados assombrosos, mas infelizmente nada surpreendentes, sobre a realidade da mulher trabalhadora, sobretudo das negras, no Brasil, que é o sétimo país no ranking da violência contra mulheres. “Nesta primeira gestão de Dilma, embora muitas nutrissem esperança, constatamos que políticas públicas para as mulheres não foram uma prioridade de governo, e não temos ilusões para este novo mandato. A lei protetiva que temos não é efetiva, e a mulher sofre não só com a violência como também com o difícil acesso à educação, a baixa renda, o trabalho e a saúde”, frisou.

Segundo as informações apresentadas no Seminário, no Rio Grande do Sul, mesmo com a Lei Maria da Penha, 25% das mulheres denunciantes morreram, e toda a infraestrutura necessária para sustentar a lei é frágil. Em todo o território nacional, apenas 10% dos estados possuem delegacias especializadas, em 4% há centros de referência e em apenas 1% há casas-abrigo.

Durante o período da Copa, o MML teve forte presença nas manifestações denunciando que, em período de gastos com o Mundial, o governo destinava apenas 0,26 centavos da verba pública para os programas de combate à violência contra a mulher.

Para Silvia Ferraro, também da Executiva Nacional, “não é aceitável que um governo que possui 915 bilhões em dívida pública destine bilhões a bancos e empreiteiras e ofereça apenas 0,003% do PIB para investimentos em políticas públicas para as mulheres”.

Campanha por 1% do PIB
O Movimento Mulheres em Luta tem como principal campanha o combate à violência contra as mulheres, tendo como exemplo diversas importantes intervenções como o alfinetaço no transporte público contra o assédio sexual, que teve grande repercussão na mídia.

Para dar continuidade com mais consistência nesta campanha, o MML se preparou para levar adiante a reivindicação de pelo menos 1% do PIB para os programas de enfrentamento à violência que aflige as mulheres trabalhadoras.

Esta fatia do total, equivale a 5 bilhões, que seria um primeiro passo para dar concretude ao trabalho de defesa da mulher, e que nada vale perto dos trilhões do Produto Interno Bruto do país.

Para iniciar a campanha, o objetivo é divulgar um abaixo-assinado exigindo o 1% do PIB, e que tal documento seja utilizado com força até o dia 8 de março de 2015. Esta ação significaria um primeiro confronto ao segundo mandato do governo Dilma, e para além disso, um momento de reflexão e avaliação política. “Além de ser um importante documento, o abaixo-assinado nos permitirá trabalhar com espaços de discussão acerca do tema, com homens e mulheres, e com investimento público possível, trabalhar para amenizar, senão acabar, com esses números exorbitantes de mortes, agressões e estupros de mulheres contabilizados no país”, expôs Joaninha de Oliveira, da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas.

A mulher negra
Camila Lisboa, do Sindicato dos Metroviários e uma das demitidas pelo governo Alckmin na última greve da categoria, ressaltou a importância do movimento seguir com campanhas massivas nas datas que resgatam a resistência do povo negro, destacando que, ao relembrar de Zumbi dos Palmares e Dandara, percebemos a mesma realidade que segue matando e explorando a população negra.

“É preciso compreender não só o abismo social que devemos combater, mas também o abismo racial. Se antes a luta de Zumbi refletia a escravidão e violência dos senhores do engenho, hoje isso se reflete na violência policial que atinge a vida da população e da juventude negra nas periferias”, conclui Camila.
 Fonte: site  CSPConlutas

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