Nossa luta fez Anastasia recuar, mas o recuo foi insuficiente. O reajuste de 5% não cobre nem a inflação. A promoção por escolaridade na carreira continua congelada, o Piso Salarial Nacional é ignorado pelo governo. Por isso os trabalhadores em educação reunidos em assembleia estadual dia 26 decidiram rejeitar a proposta do governo e continuar a luta. O acampamento na casa do governador permanece e haverá nova paralisação dia 08/10.
Queremos Piso e Carreira!
Com
Indignação! Assim, os trabalhadores em educação de Minas Gerais,
reunidos em Assembleia Estadual nessa quinta-feira, receberam o anúncio
do governo de Minas Gerais que prevê reajuste de 5%, em outubro, e 2,5%
de progressão em janeiro de 2014.
A
Assembleia contou com a participação de caravanas de Governador
Valadares, Januária, Betim, Contagem, Juiz de Fora, Manhuaçu, Simonésia,
Matipó, Montes Claros, Muriaé, Viçosa, Leopoldina, Ponte Nova, Sete
Lagoas, Curvelo, Corinto, Almenara, Além Paraíba, Diamantina, Ipatinga,
Ituiutaba, Araxá, Capinópolis, Araguari, Uberlândia, Itaobim, Jaíba,
Espinosa, Janaúba, Caratinga, Salinas, Passos, Ibirité, Sabará
Turmalina, Pouso Alegre, Manhuaçu, João Monlevade, Águas Formosas,
Nanuque, Poços de Caldas, Caxambu, Esmeraldas, Ribeirão das Neves,
Vespasiano, Campo Belo, Itaúna, Divinópolis, Unaí, Lagoa da Prata,
Coronel Fabriciano, São João del-Rei, entre outras.
Os/as
trabalhadores/as consideraram uma vergonha o reajuste apresentado e um
desrespeito a essa categoria, cujo trabalho é essencial ao
desenvolvimento da sociedade. “Essa proposta é completamente
insuficiente. Não queremos migalhas! Queremos Piso Salarial e
Carreira!”, reforçou a coordenadora-geral do Sindicato Único dos
Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), Beatriz
Cerqueira.
Ela
lembrou que o governo consegue fazer uma manipulação dos dados na
imprensa. No entanto, a realidade é bem diferente do que está sendo
divulgado na mídia e o cotidiano dos educadores, cada vez mais
desestimulados e empobrecidos, revela esse flagrante.
Durante
Assembleia Estadual da categoria no Acampamento do Palácio das
Mangabeiras, por unanimidade, os educadores/as decidiram que o reajuste
do governo é insuficiente e que o Sindicato não fará acordo com o que
foi anunciado. O governo deve
apresentar proposta de Piso Salarial como vencimento básico e considerar
o reajuste do custo/aluno, além de proposta para o efetivo
descongelamento da carreira.
Abaixo do Piso Salarial
Ao
explicar que, na prática, o reajuste não repõe sequer a inflação do
período de existência das tabelas do subsídio, Beatriz Cerqueira
destacou que o governo continua ignorando o reajuste do Piso Salarial,
que deve ser feito pelo custo/aluno. “Em 2012, o reajuste do Piso foi de
22,22% e em 2013 foi de 7,97% e a previsão para 2014 é de 19%. O
Sind-UTE/MG já reivindicou diversas vezes além do reajuste pelo
custo/aluno, o pagamento do Piso Salarial retroativo a partir de abril
de 2011, de acordo com a decisão do Supremo Tribunal Federal. Queremos
proposta de pagamento do Piso Salarial como vencimento básico, conforme
compromisso já assumido pelo Governo em setembro de 2011 e o
descongelamento da carreira”, reforçou.
O
governo não apresentou nenhuma proposta sobre promoção na carreira.
Vale lembrar que os concursados de 2004 não tiveram nenhuma promoção na
carreira até hoje. Também há problemas para os efetivados, que continuam
recebendo como estudantes de licenciatura. Com esta proposta, a
carreira continua congelada. De acordo com o artigo 19 da Lei Estadual
19.837/11, as promoções terão vigência a partir de janeiro de 2016, mas
isso não garante o imediato pagamento. Isso quer dizer que, nem em
janeiro de 2016, há garantia de recebimento da promoção por escolaridade
adicional.
O
Governo também diminuiu, em 2011, os percentuais da promoção da
escolaridade. O percentual era de 22% e foi reduzido para 10%. Então é
falsa a afirmação de que o Governo dará reajuste de 7,62%. O reajuste
anunciado foi de 5%.
A
progressão, 2,5%, corresponde à política de carreira, é direito dos
profissionais da educação e o Governo não estava pagando. No Plano de
Carreira, a progressão era de 3% e foi rebaixada para 2,5% em 2011.
Também não está garantido que todos os profissionais da ativa receberão a
progressão em 2014.
A
Vantagem Temporária de Antecipação de Posicionamento (VTAP) corresponde
ao passado do servidor e não pode ser anunciada como projeção de futuro
da carreira. É uma vantagem criada com as tabelas do subsídio. Porque
ela foi criada? Porque ao enquadrar os profissionais da educação nas
tabelas de subsídio não se considerou o tempo de serviço que já tinha.
Aí o governo parcelou este tempo (que o servidor já adquiriu) em quatro
anos. Mas parte deste tempo o servidor não terá de volta. Isso é a VTAP.
Então, a afirmação de que o governo dá o reajuste através da VTAP não é
real. O governo parcelou um direito já adquirido pelos servidores.
As
distorções nas tabelas salariais entre servidores com a mesma
escolaridade continuam e precisam de correção, como por exemplo, a
tabela dos Assistentes Técnicos da Educação Básica, cuja escolaridade
exigida é nível médio e recebem menos que o PEBT1.
Calendário de mobilização e ações aprovadas
No
dia 2 de outubro ocorrerá o julgamento do professor André, em Juiz de
Fora. A acusação contra ele foi em decorrência de uma manifestação que
aconteceu durante a greve em 2011. No dia e horário do julgamento será
realizada uma manifestação contra a criminalização das lutas em nosso
Estado.
No
dia 03 de outubro, ocorrerá Audiência Pública na Assembleia Legislativa
para discussão sobre o Ensino Médio. O Sind-UTE/MG participará.
Para
o dia 4 de outubro está prevista uma nova reunião entre entidades
sindicais e o governo, oportunidade em que o Sind-UTE/MG vai formalizar
ao Executivo a decisão da categoria, votada em Assembleia.
E,
no dia 08, os educadores voltam a se reunir em Assembleia Estadual, com
greve de 24 horas. Até lá, irão se mobilizar de várias formas. A
manutenção do Acampamento como espaço de resistência continua e com uma
novidade: passa a ser itinerante, com possibilidade de ocupações em
outros locais públicos e estratégicos.
A
campanha questionando a ausência de investimentos em educação será
intensificada no mês de outubro. Até o momento, o governo não se
pronunciou.
Durante a fase estadual da CONAE (Conferência Nacional de Educação), que acontece de 7 a
10 de outubro, em Belo Horizonte, a categoria denunciará os problemas
vividos na rede estadual. Faremos uma reunião preparatória no dia 06 de
outubro.
Outra
questão que deverá ser questionada pelo Sindicato é a proibição de
designação para Auxiliar de Serviços Gerais. Esta prática evidencia a
intenção de terceirizar o setor. Por isso, o Sind-UTE/MG questionará a
Secretaria de Estado da Educação.
Os
educadores também reafirmaram a importância do Plebiscito Popular pela
redução das tarifas de energia e do ICMS na conta de luz, que vai
acontecer entre 19 e 27 de outubro, e atendimento digno no IPSEMG, hoje
completamente sucateado. Também será retomada a discussão da Lei
11.738/08 sobre a jornada do Piso.
Ato na porta da casa do Governador
Ao
término da Assembleia, centenas de educadores se aglomeraram em frente
ao portão do Palácio das Mangabeiras para dizer que querem “conversar”
com o governador. Com bandeiras, marchinhas e palavras de ordem cobraram
as principais reivindicações da categoria, entre elas, o pagamento do
Piso Salarial. Fonte: site Sindute/MG
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