A CUT, central sindical que representa a maior parte dos trabalhadores do país não pode aceitar "melhorias" no PL. A classe trabalhadora reivindica o seu arquivamento
O PL (Projeto de Lei) 4330, das terceirizações, está em tramitação na
Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, onde deve ser votado no dia 13
de agosto. Caso aprovado, segue para o Senado.
O PL permite a terceirização em atividades essenciais de empresas
públicas e privadas, prevê o fim da “responsabilidade solidária” (que transfere
à empresa contratante a obrigação de garantir os direitos trabalhistas caso
sejam desrespeitados pela contratada), e não garante a isonomia de direitos
entre terceirizados e trabalhadores diretos.
O andamento desse projeto está num momento decisivo. Empresários e
políticos pressionam para que seja votado no Congresso Nacional. As centrais
sindicais exigem seu arquivamento. Afinal, o país já vive uma situação extrema
de precarização do trabalho com redução de salários, direitos e benefícios em
decorrência da terceirização.
Existem cerca de 10 milhões de terceirizados no Brasil hoje, o que
representa praticamente um terço dos 33,9 milhões de trabalhadores com carteira
assinada, de acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e
Estudos Socioeconômicos (Dieese). Essa terceirização se dá principalmente na
saúde, construção civil e setor bancário.
O mesmo estudo indica que, em comparação com o trabalhador direto, o
terceirizado fica no emprego 2,6 anos a menos, tem uma jornada de três horas a
mais por semana e ganha 27% a menos. Além disso, 80% dos acidentes de trabalho
ocorrem com terceirizados, que enfrentam péssimas condições de trabalho e
grandes dificuldades para se organizarem enquanto categoria.
Fórum
Quadripartite não serve para “melhorar” projeto
Apesar desses indicativos e do pedido de arquivamento do PL das
terceirizações, seguem as negociações no Fórum Quadripartite (centrais
sindicais, governo, empresários e parlamentares), que foi estabelecido para
“negociar” a forma final do PL. A CSP-Conlutas não participa, pois na sua
constituição integram apenas com as centrais legalizadas no Ministério do
Trabalho.
Entretanto, é preciso frisar: se está sendo pedido o arquivo desse PL
por que sua aprovação implica no aprofundamento e consolidação do
trabalho precarizado no Brasil, não há sentido a continuação das negociações
nesse fórum. Precisamos deixar claro que esse projeto precisa ser retirado da pauta
do Congresso Nacional. Precisamos barrá-lo e não maquiá-lo.
Não há negociação neste caso! Qualquer negociação vai no sentido de
aprofundar a terceirização no Brasil. O que temos hoje já é extremamente
nefasto aos trabalhadores.
Precisamos denunciar que a proposta do governo para esse PL atende às
demandas dos empresários e não dos trabalhadores. O governo Dilma está
mostrando para quem governa.
Assim, as centrais sindicais tem de ter um posicionamento firme sobre
esse tema. Afinal, vão defender quem? A permanência neste fórum resulta em
fortalecer a aprovação do PL das terceirizações. A NCST e a CTB já se retiraram
do Fórum. As outras centrais precisam seguir esse caminho.
A nossa atuação deve se dar nas ruas. Vamos fortalecer a luta em defesa
do emprego, salários e direitos dos trabalhadores, contra a terceirização. É
preciso denunciar e pedir o arquivamento do PL 4330 e fortalecer esta luta com
a preparação do 30 de agosto, Dia Nacional de Paralisações, convocado por todas
as centrais sindicais.
Fonte: site CSPConlutas
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