Verbas
públicas: Governo paulista do PSDB desviou mais de R$ 100 milhões
Esquema foi denunciado pela empresa alemã Siemens
Há 20 anos, os governos do PSDB de São Paulo
mantêm um esquema criminoso que já desviou mais de 50 milhões de dólares de
obras do trem e do metrô da capital paulista. A denúncia é da multinacional
alemã Siemens e foi publicada pela revista “Isto é” da última semana.
Em troca de imunidade civil e criminal, a
Siemens revelou como ela e outras companhias se articularam na formação de
cartéis para vencer a concorrência em licitações públicas na área de transporte
sobre trilhos, com preços superfaturados.
Para isso, os empresários manipularam
licitações e corromperam políticos e autoridades ligados ao PSDB e servidores
públicos de alto escalão durante a gestão dos governadores Mario Covas, José
Serra e Geraldo Alckmin.
O esquema já era alvo de investigações no
Brasil e no exterior, desde 2008, mas nenhuma providência foi tomada para
barrar o “propinoduto”. Pelo contrário. Segundo a denúncia, mesmo após as
primeiras investigações, as empresas envolvidas continuaram a vencer licitações
e a assinar contratos com o governo.
Somente o Ministério Público de São Paulo
abriu 15 inquéritos sobre o tema. Investigações concluídas na Europa apontam
que a rede criminosa tem conexões com paraísos fiscais e teria drenado, pelo
menos, US$ 50 milhões dos cofres paulistas.
O esquema
Segundo um funcionário da multinacional alemã, a
Siemens subcontratava outra empresa para simular os serviços e realizar o
pagamento da propina.
Foi o que aconteceu em junho de 2002, durante
o governo de Geraldo Alckmin, quando a Siemens venceu a concorrência para
manutenção preventiva de trens da série 3000 da CPTM (Companhia Paulista de
Transportes Metropolitanos). Na época, a empresa subcontratou a MGE Transportes
para realizar o serviço.
De acordo com uma planilha de pagamentos, a
Siemens pagou à MGE R$ 2,8 milhões até junho de 2006. Desse total, pelo menos
R$ 2,1 milhões foram sacados na boca do caixa por representantes da MGE para
serem distribuídos a políticos e diretores da CPTM.
Outro contrato que está sendo investigado é o da
construção da linha G. Segundo o denunciante, o acordo incluía uma comissão de
5% para os lobistas e de 7,5% a políticos do PSDB e diretores da área de
transportes sobre trilho. Os contratos eram fechados em badaladas casas
noturnas da capital.
Além da Siemens, teriam participado do
esquema as empresas Alstom, Bombardier, CAF, TTrans e Mitsui. Também estão sob
investigação a extensão da Linha 2-Verde do Metrô, a construção da fase 1 da
Linha 5-Lilás, o Projeto Boa Viagem (modernização de trens da CPTM) e a
manutenção das séries 2000 e 2100 (CPTM).
“Assim como o PT, o PSDB também está atolado
em um lamaçal de corrupção. O dinheiro desviado dos cofres públicos para o
bolso dos tucanos poderia acabar com o caos que é sistema de transporte sobre
trilhos de São Paulo. Por isso, defendemos o julgamento e prisão de corruptos e
corruptores”, declara o diretor do Sindicato Renato Junio de Almeida.
Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos de
SJCampos e Região